Segundo pesquisa do International Stress Management Association (ISMA), 80% dos profissionais estão insatisfeitos. O Instituto Gallup apontou que apenas 13% da população mundial encontra-se satisfeita com a sua vida profissional.
O que isso tem a ver com a orientação vocacional?
Ocorre que todas essas pessoas que estão insatisfeitas ou satisfeitas sofreram influências internas e externas ao longo da sua adolescência e início da vida adulta. E a maioria delas, conforme vimos nas pesquisas apontadas, seja por se verem de forma negativa, não se conhecerem ou terem crenças limitadoras (influências internas), seja por conselhos de professores, amigos e pais acabaram por não fazer as melhores escolhas para si e hoje estão sofrendo.
É importante que o jovem trabalhe sua autoavaliação, autoconsciência e aprenda através de debates e questionamentos, mas isso não é estimulado na jovialidade muitas vezes, sendo algo que mais tarde possivelmente ele buscará solucionar se não estiver satisfeito.
Para se sentir pertencente, muitas vezes o jovem se cala e, também, por não saber se posicionar com maturidade, aceita o que lhe é colocado. Até porque sabe que seus cuidadores e amigos lhe querem bem. Porém, nenhum dos envolvidos imagina que mesmo querendo ajudar, pode-se atrapalhar, pois apenas o próprio indivíduo é capaz de saber o que é melhor para si. E quando ele não sabe, o que ele precisa é de maior clareza, através de conhecimentos e autoconhecimento. Não conselhos permeados de julgamentos de valor diferentes do dele.
Muitas pessoas tem facilidade para escolher o que querem ou realmente foram influenciadas e acabaram gostando do que lhe apresentaram, mas essa situação não é unânime e, por isso, é importante compreender a importância da orientação vocacional, que consiste em um processo que envolve desde o autoconhecimento (conhecer seus talentos e características pessoais), perpassando pela informação profissional (mercado, possibilidades), chegando até a(s) escolha(s) finais (aprendendo a priorizar e escolher de forma embasada).
Pode ser que o jovem chegue a mais de uma opção, mas acaba por ser mais próximo do que ele realmente deseja, do que se apenas realizasse um teste vocacional, pois este instrumento revela áreas amplas ou várias opções, deixando muitas vezes o jovem ainda mais confuso.
E imagina aquele jovem que sonha com certa atuação profissional. O que ocorre, muitas vezes, pode ser comparado com uma criança que constrói um lindo castelo de areia e vem alguém e pisa em cima. Muitas vezes, sem perceber, as pessoas julgam, pensam que suas ideias são superiores e acaba por influenciar negativamente a outra pessoa.
Ao mesmo tempo, é importante trazer dados de realidade do sonho, pois muitas vezes, o jovem constrói um castelo de ilusão, sem dados do que sonha realizar e então, perde muitas vezes, tempo e recursos e se decepciona no final.
O adolescente e o jovem adulto estão em fase de desenvolvimento complexa, com muitas alterações físicas, emocionais e sociais. E, por isso, ter um mediador, ou seja, alguém que estimule e apresente novos entendimentos sobre si e o mundo, é fundamental. A mediação de um especialista qualificado facilita e acelera ou até mesmo possibilita a escolha. Já quando ausente, retarda a escolha ou esta pode nem mesmo ocorrer ou se dá erroneamente.
Ao se examinar o indivíduo, aprofundar a respeito das profissões e ocupações e estabelecer a relação entre esses dados, pode-se realizar uma escolha adequada.
Isso ocorre porque as pessoas diferem em suas habilidades, interesses e personalidade, então não é possível uma pessoa escolher por outra e cada um tem o seu lugar profissional.
O desenvolvimento vocacional não termina no final da adolescência, mas pode ser realizado ao longo de toda a vida. No consultório atendo desde adolescentes que estão realizando a primeira escolha, jovens que já estão na universidade, adultos que estão insatisfeitos no mercado de trabalho, até mesmo pessoas que não sabem o que irão fazer após a aposentadoria e querem se descobrir.
É possível desenvolver um projeto de vida a partir da personalidade, das aptidões, dos interesses, valores pessoais, dentre outros fatores que se relacionam, cruzando essas informações com as oportunidades existentes.
A orientação vocacional não é importante apenas para escolher uma profissão, mas também identificar, prever, preparar e alimentar o próprio futuro ocupacional.
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